Prezado Prof. Dr. Fernando Ferreira Costa,
Em resposta ao Ofício Cruesp nº 8/2010, datado de 10/6/2010, o Fórum das Seis considera que é necessário destacar os fatos que levaram à situação atual.
Poderíamos estar vivendo, neste momento, o término das negociações da data-base 2010. Se isso não está ocorrendo, a responsabilidade é a intransigência dos reitores, que não deram sua contribuição como atores ativos na crônica de uma negociação civilizada de data-base anunciada, pelo Fórum das Seis, ao longo dos meses de janeiro, fevereiro e março.
As entidades do Fórum das Seis procuraram cumprir seus papéis nessa crônica civilizada anunciada, buscando a todo custo que não se repetissem os eventos das datas-base mais recentes quando, em particular na do ano passado, ao invés do diálogo civilizado tivemos um longo silêncio por parte do Cruesp, que levou sucessivamente ao conflito, depois ao confronto e, no dia 9 de junho, à invasão da PM.
Vejamos como agiu o Fórum neste ano: no mês de janeiro foi construído um cronograma de atividades para as entidades, que foi cumprido integralmente; no dia 12 de fevereiro, foi solicitada ao Cruesp uma primeira reunião de negociação para a semana de 19 a 23 de abril; em seguida, foi elaborada a pauta unificada de reivindicações de docentes, estudantes e funcionários, entregue ao Cruesp em 30 de março. Além disso, ao longo desses meses, o Fórum encaminhou inúmeros ofícios que procuravam o diálogo, sempre desconsiderados pelo Cruesp.
Por sua vez, o Cruesp anunciou, no início de março, um reajuste de 6% exclusivamente aos docentes; tardou dois meses para responder ao primeiro ofício, marcando a primeira reunião de negociação para o dia 11 de maio; agiu de maneira desrespeitosa, autoritária e intransigente nessa reunião; recusou-se a discutir a contraproposta do Fórum na segunda reunião, ocorrida em 18 de maio; e começou a ameaçar com corte nos salários dos grevistas. Ou seja, ao longo desses meses, ignorou sistematicamente o convite ao diálogo civilizado.
Os reitores optaram por trilhar o caminho que levava para a crônica de uma ocupação anunciada. É preciso insistir que o ofício do Fórum de 12/02, sugerindo que a primeira reunião ocorresse em abril, havia sido encaminhado ao reitor Rodas, então presidente do Cruesp, que poderia ter evitado o recurso ao instrumento da greve e a ocupação se tivesse, ao menos, respondido àquele ofício com o início das negociações.
Se os reitores quiserem ver o cotidiano das três universidades voltar ao normal, precisam estabelecer um diálogo efetivo com o Fórum das Seis para dar um fecho satisfatório nesta etapa da negociação de data-base, estendendo os 6% aos funcionários técnico administrativos, repondo os cortes feitos nos salários e pautando a negociação dos demais itens reivindicados por docentes, estudantes e funcionários. Assim, retomaremos a pretendida crônica de uma negociação anunciada.
Prova maior de que a intransigência não está com os trabalhadores é a proposta aprovada hoje em assembleia pelos servidores da USP, de que a reitoria da Universidade será desocupada imediatamente após o pagamento dos salários cortados. Ressalte-se: a ocupação foi uma resposta a essa violência!
Ademais, a propósito dos itens elencados no Ofício Cruesp nº 8/2010, o Fórum das Seis se dispõe a discuti-los na reunião que estamos pleiteando, entre Fórum das Seis e Cruesp, o mais breve possível, na qual também gostaríamos de tratar dos pontos da Pauta Unificada 2010.
Considerando que o presente ofício é a resposta solicitada no Ofício Cruesp nº 8/2010, entendemos que está confirmada a reunião entre Fórum das Seis e presidência do Cruesp na segunda-feira, 14/6, às 10 horas, em Campinas.
Coordenação do Fórum das Seis
Ofício nº 43/2010, dirigido ao reitor da Unicamp e presidente do Cruesp, Fernando Ferreira Costa, com cópia para os reitores da Unesp e USP, Herman Jacobus Cornelis Voorwald e João Grandino Rodas, respectivamente.
Os termos do ofício nº 8/2010 do CRUESP foram reproduzidos aqui.